sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Porque não?

Eu compreendo a posição de Alberto João Jardim, líder do meu partido, relativamente a um cenário político de antecipação das eleições regionais. Fazendo parte de um partido que pensa com realismo e com convicção – mas onde ninguém obriga ninguém a pensar da mesma maneira – acho contudo que, frustradas as expectativas daqueles que ainda acreditaram no veto presidencial, é tempo de se começar a pensar a sério na realidade, nos desafios, nas ameaças, nas alternativas.
Acabei de escrever dois artigos para o Jornal da Madeira, próxima semana, procurando justificar o que penso poderia ser a decisão mais adequada, uma constatação que, sendo polémica, é apenas a minha opinião pessoal, a de que ao PSD da Madeira restam duas alternativas: ou se mantém, por mais cerca de dois anos, a arrastar-se penosamente, sujeito às pressões crescentes de um poder socialista em Lisboa, autocrático, maioritário e que está convencido que em 2008 derrotará o PSD madeirense, retirando-lhe a maioria absoluta - e por isso continuará a “fabricar” enquanto puder e o deixarem, toda a legislação adequada à prossecução desses objectivos políticos e eleitorais, ou (o PSD da Madeira) toma a iniciativa, enfrenta o touro pegando-o pelos cornos, evitando males maiores. Tudo isto porque os objectivos eleitorais que estiveram subjacentes à aprovação da lei de finanças regionais, os propósitos partidários e políticos que impuseram uma nova lei eleitoral, as concepções orçamentais e financeiras que indeferiram a possibilidade da Madeira recorrer a um empréstimo junto do BEI avalizado pelo Estado, e com consignação previamente estabelecida, subsistem e vão tornar-se ainda mais agressivas. Quer isto dizer que estamos envolvidos numa autêntica novela, constituída por vários episódios, uns mais, outros menos, todos eles ligados entre si, com um final previsível, com protagonistas que geram o apoio das pessoas, outros que alimentam ódios de estimação. Mas os factos que até hoje preencheram os episódios já conhecidos, vão continuar a alimentar os outros episódios.
Perante estes factos, admito hoje mais do que ontem, que a única opção seria o recurso a eleições antecipadas, passíveis de dissipar (ou não) as dúvidas que alimentam as investidas dos socialistas de Lisboa (e no Funchal) e que, admito, estarão presentes no próprio subconsciente presidencial.
Desta forma, a palavra seria dada aos cidadãos madeirenses, que não teriam mais do que duas alternativas em função dos factos: ou atribuíam ao PSD e a Alberto João Jardim (que teria que ser candidato) uma maioria absoluta inquestionável, depositando-lhes nas mãos a responsabilidade por encontrar soluções, mesmo que num cenário político e parlamentar regional diferente, e tudo o que os socialistas de Lisboa, a partir de então fizessem, passaria a constituir uma vingança pela derrota, criando desta forma irrefutáveis fundamentos para que o Presidente interviesse de uma forma diferente do que tem feito até este momento.
Mas, repito, esta opinião é pessoal, diz-me respeito a mim próprio, resulta de uma reflexão pessoal em torno da realidade implica riscos, precisa de ser reflectida, discutida e debatida. Acredito que rapidamente vamos perceber que dificilmente conseguiremos aguentar as investidas socialistas agendadas, as quais foram calendarizadas em reuniões partidárias realizadas em Lisboa (no Largo do Rato e na Assembleia da República)

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