sexta-feira, fevereiro 02, 2007

O meu testemunho

Eu acho lamentável a partidarização das iniciativas que estão em curso da sociedade portuguesa por causa do referendo sobre a despenalização do aborto que se realiza a 11 de Fevereiro. Recuso tomar posição pública, respeitando obviamente quem o fizer. O que eu me interrogo é se não estamos perante uma estranha partidarização de uma questão demasiado séria, se não estamos perante mais um conflito entre partidos e entre políticos em vês de uma abordagem séria, livre, sem manipulações patéticas ou fundamentalismos excessivos, de um tema complexo, que diz respeito à mulher, à família e à sociedade enquanto entidade colectiva que se rege por regras próprias. Graças a Deus, tenho duas filhas de quem me orgulho e que tudo procurei fazer, e continuareio a fazer, para que nunca as envergonhar. Tenho uma mulher que foi e continua a ser, o meu suporte fundamental, e a quem muito devo. E que sei ter sido sempre e que continuará a ser sempre, até o final dos seus dias, um qualquer dia, o principal suporte, incondicional, das duas pequenas que há muitos anos, um qualquer dia de Maio e outro de Dezembro, “saíram de dentro dela”. Mas isso não me atrofia a mente, não me condiciona a liberdade de pensar, de olhar para as coisas tal como elas são, de sentir a realidade, de perceber factores váriosa que não podem ser escamoteados, o que nada tem a ver com o facto de pensar que se deve actuar com realismo e não de uma forma libertina. Aconteça o que acontecer a 11 de Fevereiro, não se trata de nenhuma guerra entre partidos. Estou-me nas tintas para todos os que levem para aí a questão. As “guerras” dos partidos são outras, que nada têm a ver com esta. O que a 11 de Fevereiro desejo é que as pessoas, votem pelo “sim” ou pelo “não”, saíam das assembleias de voto com a consciência tranquila, convictos de que não foram manipulados, que votaram de acordo com a sua consciência e a sua liberdade de pensar e decidir. Se o fizerem, seja qual for o resultado, cumpriram o dever de cidadania mas, mais do que isso, cumpriram mais uma obrigação consigo próprios. E isso basta-me para me sentir satisfeito, orgulho.

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