A construção está a aumentar, mas os preços das casas continuam a subir? Não é a lei da oferta e da procura que está a falhar. A construção continua bastante escassa e muito abaixo da média europeia, enquanto a pressão na procura aumenta nos grandes centros urbanos. Entre 2019 e 2024, o número de habitações construídas em Portugal aumentou 95%, mas os preços das casas subiram 62% no mesmo período. Estes dados têm sido usados para argumentar que “construir mais não resolve o problema da habitação”.
Esta leitura ignora a realidade económica fundamental e a lei da oferta e da procura. Mesmo com o aumento recente da construção, a oferta continua muito aquém da procura real, que tem crescido com o aumento da imigração, da formação de novas famílias — muitas delas monoparentais — e da concentração populacional nas grandes áreas urbanas. Por outro lado, apesar da oferta ter aumentado nos últimos cinco anos, isso não significa que se esteja a construir o suficiente. Entre 2015 e 2024, foram construídas, em média anualmente, cerca de 15 mil casas, menos 83% do que se verificou antes da crise financeira global (88 mil habitações entre 1995 e 2007). Ou seja, mesmo “construindo mais”, o país ainda está muito longe dos níveis históricos necessários para equilibrar o mercado.
No contexto europeu, Portugal continua entre os países que menos constroem: desde 2019, foi o 6.º estado-membro com menos licenças de construção por 100 mil habitações, cerca de 30% abaixo da média da União Europeia. Em Portugal, o verdadeiro problema não é “construir demais”, mas sim construir pouco, devagar e de forma cara. A solução passa por acelerar o licenciamento, reduzir custos burocráticos, libertar solo urbano e permitir uma maior densidade construtiva onde há procura. Construir mais — e sobretudo, construir o suficiente — continua a ser a condição essencial para trava a escalada dos preços da habitação (Mais Liberdade, Mais Factos)
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