sexta-feira, maio 17, 2024

Nota: quero que o PSD-Madeira assuma sem complexos o compromisso de combate reforçado à pobreza

O combate à pobreza - e escusado será lembrar que a Madeira fez sempre parte das regiões mais vulneráveis e onde a pobreza foi sempre um triste flagelo sempre em níveis que precisam urgentemente diminuídos - não se faz com tretas elitistas e discursos lindinhos com idiotices à mistura. O combate à pobreza faz-se com seriedade, com a coragem de assumir este flagelo social e depois partir para o terreno para o combater a sério a essa mancha social, não com pirosices mediáticas, mas com medidas. No fundo, bem vistas as coisas, terá a RAM algum estudo próprio sobre a realidade da pobreza na Região, alguma vez se realizou um estudo sobre a pobreza identificando vulnerabilidades geográficas e etárias e identificando as fragilidades mais influenciadas? Acho que não. Talvez seja este o momento para que essa omissão seja superada.

Ficamos a saber que em 2022 a taxa de risco de pobreza na Madeira e nos Açores, rondará, segundo um estudo universitário assente nos indicadores do Eurostat, os 27%, mais 10 valores do que a média nacional. Também lemos que um em cada quatro cidadãos madeirenses não tinha um rendimento disponível mensal que lhe permitisse fugir a uma taxa de privacidade severa. Obviamente que foi registada, reconhece o estudo, uma melhoria entre 2022 e 2023, mas numa dimensão substancialmente aquém do que seria desejável e provavelmente com indicadores agravados dado o impacto da crise europeia na inflação generalizada, na especulação imobiliária e no agravamento de encargos familiares em vários domínios essenciais. Ou seja, há que trabalhar muito mais e cada vez mais reforçadamente nesta problemática social preocupante e apostar na melhoria dos rendimentos disponíveis dos cidadãos madeirenses menores bafejados pela sorte e com rendimentos inferiores ao necessário.

A existência de indicadores de pobreza é uma realidade no mundo e na Europa. Uma realidade que não envergonha os governos, quando muito desafia-os a alterarem estratégias e a serem mais constantes, mais eficazes, mais determinados, mais consistentes, no sentido de alterarem, para melhor, os indicadores disponíveis.

Repito, desejo que o PSD-Madeira assuma nesta campanha um compromisso inequívoco de reforçar, de forma empenhada e determinada, o combate à pobreza que naturalmente continua a existir na Madeira - e nunca é demais recordar que a Madeira, os Açores e o Alentejo foram durante o regime fascista derrubado em Abril de 1974 as regiões mais pobres do pais, sofrendo os efeitos do facto de terem sido deliberadamente e abandonadas por Lisboa, consequências que obviamente precisamos todos de diluir, tendo presente que o combate à pobreza é uma causa que a todos diz respeito, uma bandeira social essencial para que vivamos numa sociedade mais justa e solidária que nada tem a ver com políticos oportunistas, mais interessados no voto e na demagogia, nem com partidos ou com campanhas eleitorais de validade efémera. Trata-se de abordar com verdade, pragmatismo e seriedade ética, um problema social real, comum a todas as sociedades do nosso tempo, de lembrar dificuldades de famílias, de pais e de mães perante os seus filhos, de pessoas com rendimentos disponíveis baixos e que não conseguem, muito menos neste tempo de inflação, de dificuldade de acesso à habitação, de subida dos juros bancários e de influência negativa da guerra na Europa, fazer face a todas as suas despesas e construírem alicerces de uma vida quotidiana com dignidade. O PSD-Madeira não deve ter receio nem medo, nem  vergonha, nem qualquer outro constrangimento político em assumir este combate à pobreza na RAM - mesmo ressalvando que estamos hoje num tempo em que as prioridades europeias se voltaram para o reforço da indústria da guerra e para produção acelerada e o gasto de milhares de milhões de euros em armamentos e munições necessárias a combater todas as ameaças totalitárias - como um desígnio, uma prioridade. Seria mau, em meu entender, que não o fizesse e deixasse campo aberto para que oportunistas sem legitimidade e autoridade moral para o fazerem, usassem a triste realidade da pobreza como um instrumento de combate partidário ou eleitoral, no quadro de uma abordagem manipulada sectária, mentirosa e partidarizada do assunto que vai estar presente na nossa sociedade e na actividade governativa regional por muito mais tempo, dada a dimensão do desafio que colectivamente temos pela frente. Sem confundir, como muitos fazem deliberadamente, a ameaça do risco de pobreza com a realidade mais grave e mais dura da pobreza real, seja ela extrema ou não. (LFM)

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