sábado, abril 13, 2024

Opinião: Sabem mesmo o que está em causa?

No actual quadro, político, social e eleitoral que “cerca” o PSD-Madeira e que o condiciona e ameaça fortemente, a unidade interna ter-se-á agravado, segundo alguns, quando Manuel António Correia recusou uma atitude de envolvência na candidatura laranja e de apelo ao envolvimento e mobilização dos seus apoiantes num combate que não terá tréguas de ninguém para ninguém, um combate que será duro, exigente e agressivo e que vai enfrentar vários adversários.

Tenho afirmado, e mantenho, que o meu envolvimento na política activa regional se esgotou em 2014, não apenas por ter sido uma opção pessoal, mas também por razões acrescidas, decorrentes de outros combates nem sempre fáceis, particularmente no domínio da saúde. Contudo, nestes tempos políticos de bipolarização acentuada, de combates que dizem respeito a todos os social-democratas, de desafios que exigem o envolvimento de todos, nesta necessidade de mobilização e de combate a todos os ódios, extremismos, novas e velhas ameaças, ajustes de contas que a política não devia tolerar, muito menos premiar, intrigas patéticas, frustrações, vinganças pessoais fomentadas via redes sociais e sob o anonimato próprio dos cobardes, neste tempo sem espaço para resistências às mudanças ou recusas da renovação, nestes tempos em que a Madeira precisa de estabilidade e de resolução urgente de muitos problemas que comportam desafios enormes, em que muito do nosso futuro colectivo estará colocado em cima da mesa e na agenda das prioridades partidárias e políticas, acho que nenhum social-democrata pode virar costas e afastar-se quando lhes pedem que se aproximem.

Se, por exemplo, Miguel Albuquerque entendesse que precisava do meu contributo, algo que obviamente nunca acontecerá, sentir-me-ia obrigado a estar disponível porque, repito e insisto, estes tempos – e não apenas para o PSD-Madeira, mas essencialmente para a Autonomia regional - não se compadecem com ausências. Registei alguns apelos à mudança e à renovação, mas a verdade é que, ao contrário do que era expectável, essas atitudes não influenciaram outros protagonistas que não conseguem entender ser este um tempo diferente de tudo o que até hoje aconteceu, um tempo que exige que seja dado espaço e lugar na política a novos protagonistas que aguardam por uma oportunidade para mostrarem o que valem e do que são capazes. Vivemos tempos onde não há lugar a hipocrisias ou medos, nem podem existir lugares cativos, seja de quem for, aos quais alguns se agarram não facilitando a vida ao líder, nem as suas escolhas, mesmo que este, aparentemente, não se mostre interessado em escolhas mais recomendáveis, dado que o seu foco prioritário aponta noutra direcção, mais pessoal.

Albuquerque certamente entendeu a complexidade deste momento e destes tempos, e percebe os desafios que a tomada de decisões na política, bem como os movimentos de regeneração interna, comportam. Montenegro cometeu um erro neste domínio, optando por um excessivo regresso a um “passismo” de má memória, ignorando que o PSD, desde 2015, tem gerado novos protagonistas e novas competências, pelo que se arrisca a pagar caro por este absurdo patético. Talvez por causa desses asneiradas o PSD de Montenegro teve uma vitoriazinha ridícula nas eleições, sem que o partido tivesse retirado qualquer mais-valia digna de registo, pese a conjuntura criada pela dissolução do parlamento nacional. E Bolieiro, nos Açores, seguiu o mesmo caminho, optando pelo facilitismo da lógica do “mais do mesmo”, sem a coragem da mudança que muitos lhe recomendaram, acabando por deitar ao lixo uma maioria absoluta que todos a creditavam ser possível, acabando por continuar ainda mais dependente das diatribes do Chega.

Será que sabem mesmo o que está em causa neste tempo eleitoral ou o PSD-Madeira ficou refém de outras prioridades que não lhe dizem respeito mas que o ameaçam e o podem derrotar? (texto de opinião publicado no Tribuna da Madeira de 12.4.2024)

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