O Brasil perdeu mais de cinco milhões de católicos numa década. Evangélicos já representam 26,9% da população, segundo os dados dos últimos censos. Continua a ser o país mais católico do mundo, mas já não tanto. Dados do mais recente censo demográfico, divulgados na sexta-feira (6 de junho) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam uma tendência de mudança no mapa religioso do Brasil: menos católicos, mais evangélicos e um crescimento também dos que afirmam não ter qualquer religião.
Em 2022, segundo o censo, o Brasil registava cerca de 100,2 milhões de católicos, o que representa 56,7% da população, informa a agência Reuters. Embora continue a ser a maioria, trata-se de uma queda significativa face aos 65,1% registados em 2010, quando havia 105,4 milhões de fiéis católicos declarados no território brasileiro. Em sentido oposto, cresce o número de evangélicos de forma expressiva: passaram a representar 26,9% da população brasileira, o equivalente a 47,4 milhões de pessoas — mais 12 milhões do que o registado há 12 anos e o valor mais alto de sempre.
A tendência confirma um movimento de longa data: desde o primeiro censo oficial, em 1872, o peso do catolicismo tem vindo a cair progressivamente. Naquela época, séc. XIX, todos os brasileiros eram oficialmente classificados como católicos ou “não católicos” — e os escravos, que representavam uma parte significativa da população, eram automaticamente contabilizados como católicos, independentemente da sua fé.