sábado, junho 17, 2017

Sondagem: Nunca a direita recolheu tão poucas intenções de voto

Olhando para o barómetro da Aximage, não há forma de ver boas notícias para Passos Coelho. Mas Assunção Cristas também não tem razões para sorrir. A desgraça de uns é a sorte de outros e a quebra da direita é o maior troféu da geringonça. Os números da Aximage são arrasadores para o PSD e para o conjunto da direita em Portugal. As intenções de voto no PSD e no CDS estão nos níveis mais baixos de sempre. Em Junho, o PSD fica pelos 24,6%, enquanto o CDS desce para 4,6%.
Salvo as devidas distâncias entre sondagens e eleições, vale a pena comparar estas intenções de voto com o histórico dos resultados das legislativas. A conclusão é que as intenções de voto no PSD estão nos piores níveis de sempre, só verificados há 40 anos atrás, e num contexto muito diferente do actual: estávamos em 1976, ainda sob o calor da revolução, quando o PSD recebeu 24% dos votos, nas mesmas eleições em que o CDS obteve aquela que é ainda hoje a sua maior votação de sempre, de quase 16% – hoje as sondagens dão-lhe apenas 4,6%.

O segundo pior resultado do PSD aconteceu nas eleições legislativas de 2005, na ressaca do mal sucedido Governo de Santana Lopes, em que José Sócrates conseguiu a primeira maioria absoluta do PS: os social-democratas não chegaram a 29% dos votos.
Mas o CDS também não tem razões para sorrir. Segundo o barómetro mensal da Aximage, feito para o Negócios e Correio da Manhã, o partido de Assunção Cristas recolhe apenas 4,6% das intenções de voto, muito próximo da votação do partido nos anos em que era maldosamente apelidado como o partido do táxi, por ter apenas quatro deputados no Parlamento: final dos anos 80 e início dos anos 90, não por acaso a era dourada do PSD e do Cavaquismo.
Juntos, PSD e CDS passam uma imagem desoladora em matéria de intenções de voto – apenas uma indicação do que poderia ser o seu comportamentos numas eleições legislativas. Segundo a Aximage, só 29,2% dos portugueses mostram intenção de votar num destes dois partidos. Não há registo tão mau em nenhumas eleições legislativas, nem mesmo nos anos imediatamente a seguir à revolução, quando os dois partidos obtiveram apenas 34% dos votos.
O maior troféu da Geringonça
Só o PS tem vindo a capitalizar votos com a actual solução governativa. Os três partidos obtêm agora 61% das intenções de voto, contra os 50% registados nas eleições legislativas de há ano e meio. Todo o aumento vem do PS, que subiu os mesmos 11 pontos. O partido de António Costa recolheu neste mês de Junho 43,7% das intenções de voto, o que deixa os socialistas muito perto da maioria absoluta – Sócrates conseguiu-a com 45% dos votos, elegendo 120 dos 230 deputados do Parlamento.
Como tem sido anotado por vários analistas, este crescimento exclusivo do PS é mau para a geringonça porque mexe no equilíbrio de forças, mas não é suficientemente mau para impedir que prossiga. É que esta subida é feita sem ferir os seus parceiros de coligação que mantêm intenções de voto só ligeiramente abaixo dos resultados eleitorais de 2015. Ou seja, num contexto de aliança à esquerda, em que PS, PCP e Bloco evitam atacar-se, os dois partidos mais pequenos parecem manter o seu eleitorado, ao passo que o PS não só mantém o seu como vai ainda roubar eleitores – e muitos – à direita. 
Assim, esta quebra da direita, medida pelo barómetro da Aximage, acaba por constituir o maior troféu da geringonça. O PS cresce à custa da direita e sem prejudicar os parceiros.
Apesar de tudo, mesmo não matando, o crescimento do PS mói. E uma maioria absoluta do PS em eleições passaria a certidão de óbito à geringonça. Essa mensagem foi passada com clareza por Catarina Martins e Jerónimo de Sousa. "Nós não servimos para jarras. Não somos elementos decorativos", disse Catarina Martins quando questionada sobre uma aliança num cenário de maioria absoluta do PS. Já Jerónimo trocou as jarras pela peninha no chapéu para dar a mesma ideia: "Ninguém pense que o PCP poderia funcionar como uma peninha do chapéu", disse em entrevista à mesma rádio (Jornal de Negocios)

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