Eu não sei se as pessoas concordam ou não comigo, nem isso me interessa
muito, confesso. Porque a minha opinião é esta. Se a ideia é fazer com que as
pessoas rapidamente se esqueçam (relativamente, como é evidente) de tudo o que
se passou, do dramático que foram esses dias tenebrosos, do inferno causado
pelo fogo, da destruição e até mesmo da morte, então não entendo, muito
sinceramente, que alguns meios de comunicação social nacionais, à falta de
melhores temas, insistam em acampar no Funchal, parindo todos os dias reportagens
que visam manter vivos dias que pelo dramático que eles representaram deveriam ser
substituídos por uma outra mensagem. O erro de análise das coisas até pode ser
meu, porventura por não entender certas prioridades informativas ou critérios
editoriais subjacentes, principalmente no Verão, habitualmente parco de
notícias, quando há que manter níveis de audiências, de vendas, shares, etc.
Provavelmente é isso mesmo. O “pato” desta história sou eu”! Mas isso não me
impede de reafirmar que não concordo com esta estranha insistência de algumas
televisões nacionais, insistindo no escalpelizar diário de tudo o que se
passou, transformando o drama vivido e que todos desejamos seja remetido para o
arquivo da nossa memória colectiva, numa macabra telenovela, com algumas
intervenções patéticas de enviados-especiais de Verão à mistura. E que chegam a
ser confrangedoras.
A tudo isto juntam-se muitas dúvidas e a estranheza sobre a intencionalidade
de certas romarias jornalísticas enviadas para a Madeira, alegadamente pagas
por entidades públicas locais - casos do CMF porque um caso foi devidamente
identificado como tal, pelo menos por um dos chamados jornais nacionais com
enviados ao Funchal. O que é que está subjacente a isto? Que intenções
políticas estão por detrás de certas habilidades pornográficas e promíscuas que
por aí andam? Cada um que decida como entender e conclua o que achar por bem.
Deixo-vos um outro exemplo do que é a rafeirada oportunista que por aí anda na
política, demonstração óbvia da mediocridade e do oportunismo idiota que
alimenta o ego insaciável mas conspurcado de certos protagonistas políticos: O
que é que a JPP tem de andar a gerir recursos financeiros alegadamente obtidos
em Guernsey, numa recolha de fundos liderada por um cidadão com algumas ligações
à nossa comunidade naquela ilha, quando existem na Madeira instituições
privadas, sérias, respeitadas, experimentadas e que sabem como e onde
aplicá-los? A dúvida, legítima fica: vai a JPP pretender fazer uma miserável
campanha oportunista com os tais 14 mil euros, campanha essa manietada pelo frenesim
desesperado das autárquicas de 2017? Será que os que participaram nessa recolha
de fundos sabiam que o dinheiro recolhido seria entregue a um partido politico com
tudo o que isso acarreta em termos negativos? Haja vergonha e decoro.
Não me digam - o que seria trágico - que estamos agora obrigados a aturar
uma espécie de feira de vaidades, parte de um campeonato mediático da rafeirice,
em que todos procuram aparecer porque querem marcar terreno para o que vai
acontecer em 2017. Ou seja, não me digam que tudo isto é uma palhaçada. Era o
que nos faltava! Os que governam, no Governo ou nas Câmaras, devem limitar-se a
cumprir o seu dever e/as suas obrigações enquanto decisores e executantes - foi
para isso que foram eleitos. Se fizerem isso, não precisam de andar com os
jornalistas a reboque, nem a recorrerem a assessores com elevadas contas
telefónicas por causa de constantes telefonemas para jornais, rádios e
televisões a pedirem entrevistas, notícias, fotografias ou reportagens
localizadas e previamente combinadas, como se tudo fosse feito com uma
"naturalidade" que tresanda. Nada de confusões: uma coisa foi o
importante papel desempenhado pela comunicação social durante os dramáticos
dias dos incêndios, informando as pessoas, difundindo reportagens, acompanhando
o evoluir da situação ou suscitando apoios e colaborações, colmatando
deficiências comunicacionais institucionais - um dia destes falarei sobre este
tema, uma vez mais desastradamente espezinhado durante os dias da catástrofe do
fogo - outra coisa é insistir em manter em abeto todo este folhetim novelesco quando as prioridades das pessoas, das instituições e da RAM são outras,
e que nada têm a ver com uma constante tentativa de manter vivo um passado recente que ninguém quer que permaneça
presente no quotidiano de cada um de nós. (LFM)
Meu Caro é o colapso de uma comunicação que desde há 40 anos confunde informação com propaganda, com políticos a controlarem as mariontas
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