Segundo o site da RTP que "a chanceler alemã promete levar ao Conselho Europeu que hoje tem início em Bruxelas a defesa de “verdadeiros direitos de intervenção” da Comissão Europeia nos orçamentos dos países-membros, reforçando assim uma posição já advogada pelo seu ministro das Finanças. Numa intervenção parlamentar, em Berlim, sobre a sua agenda para a cimeira da União, Angela Merkel deu mais um passo para se distanciar do Presidente francês, François Hollande, uma das vozes mais críticas de uma cedência alargada de soberania nas contas públicas. Num discurso que ocupou três quartos de hora dos trabalhos desta quinta-feira na câmara baixa do Parlamento alemão, Angela Merkel quis falar “em nome de todo o Governo” para emprestar peso político à ideia de que o ramo executivo da União Europeia deve estar dotado do poder de retocar e mesmo vetar os orçamentos dos Estados-membros. O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, já o defendera no início da semana. A chanceler cimentou a posição. “Somos da opinião – e falo disto em nome de todo o Governo alemão – de que podemos dar um passo em frente ao darmos à Europa verdadeiros direitos de intervenção nos orçamentos nacionais, quando estes não respeitam os limites fixados para a estabilidade e o crescimento”, sustentou Angela Merkel, para sugerir a atribuição de poderes alargados em matéria orçamental ao comissário europeu para os Assuntos Económicos e Monetários, a pasta agora a cargo do finlandês Olli Rehn.“Uma união orçamental significa automaticamente um limite à soberania orçamental nacional”, argumentava na terça-feira o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble.A poucas horas do início do Conselho Europeu em Bruxelas, a chanceler apontou baterias aos críticos da sugestão alemã. Entre os quais o atual inquilino do Palácio do Eliseu, o socialista François Hollande. “Fico espantada quando alguém faz uma proposta progressista e imediatamente se grita que não vai funcionar, que a Alemanha está isolada, que não o podemos fazer. Não é assim que vamos construir uma Europa credível”, julgou. Merkel colheria aplausos no Bundestag ao afirmar que o facto de “numerosos Estados-membros” não se mostrarem ainda “preparados” para maiores cedências de soberania em nada influenciaria a postura alemã: “Não muda nada no facto de que vamos bater-nos por isso”.
“Uma campanha de bullying”
Merkel abordou também o tema da supervisão bancária na Europa da moeda única, defendendo que é preciso acautelar critérios de qualidade em detrimento da rapidez. Para a governante alemã, a “pressa” de atribuir mais poderes ao Banco Central Europeu em janeiro de 2013 pode revelar-se uma fórmula para o fracasso.Por outro lado, reiterou a chanceler, proceder a injeções de capital nas entidades bancárias a partir do novo Mecanismo Europeu de Estabilidade é uma solução que não poderá ser levada à prática sem que as estruturas de supervisão estejam completamente operacionais. “Quero deixar claro que a conclusão do processo legal para a supervisão bancária não é suficiente em si mesma. Esta supervisão bancária deve ser capaz de trabalhar e de agir de forma eficaz”, enfatizou. No mesmo discurso, Angela Merkel deixou elogios aos esforços de consolidação orçamental em curso nos países do sul da Europa, indo ao ponto de dizer que teria percecionado um “forte desejo de mudança” entre os gregos durante a sua recente deslocação-relâmpago a Atenas – uma visita de seis horas sublinhada por violentas manifestações nas ruas da capital grega. Mas não se livrou das críticas da Oposição. Nomeadamente do seu principal adversário para as eleições legislativas do próximo ano, que denunciou o que considera ser uma intimidação organizada. Peer Steinbrück, do SPD, acusaria a chefe do Executivo de ter cometido “um grave erro ao permitir que a sua coligação lançasse um campanha de bullying contra a presença da Grécia na Zona Euro “.“Não interveio, não falou em prol da Europa e vacilou. Nem Helmut Kohl nem qualquer um dos seus antecessores teriam permitido que um vizinho europeu fosse atacado desta forma com propósitos políticos domésticos”, rematou" (veja aquio video da RTP sobre esta notícia)
