segunda-feira, fevereiro 26, 2018

Perigoso: Europa a caminho do “suicídio demográfico”

Em nenhum país da União Europeia (UE) o número de nascimentos é suficiente para assegurar a renovação das gerações e na grande maioria dos Estados-membros há vários anos que já se fabricam mais caixões do que se montam berços. Com a população em declínio, o Velho Continente, cada vez mais envelhecido, perderá 50 milhões de habitantes em idade ativa até 2050. As projeções não deixam dúvidas: a Europa caminha para um “suicídio demográfico”, avisam dois investigadores da Fundação Robert Schuman, um dos mais importantes centros de estudos sobre a UE. Apesar do cenário ser alarmante, “ninguém na Europa fala deste problema e menos ainda se prepara para ele”, acusam, num artigo publicado esta semana.

Em entrevista ao Expresso, o economista Michel Godet, coautor do artigo, explica que “não há consciência da dimensão deste problema” (ver página ao lado). Mas apesar de não constar da agenda política, a demografia tem um forte impacto na economia: o crescimento do PIB é mais baixo nos países onde o aumento de população é menor (ver gráfico). A verdade é que o envelhecimento fará diminuir para metade o potencial de crescimento económico da Europa até 2040. E a tecnologia não será suficiente para o contrariar. A prova é que, “apesar de todos os avanços tecnológicos, tanto o crescimento económico como a produtividade têm vindo a desacelerar de forma consistente na Europa, no Japão e nos Estados Unidos desde o início da década de 80”.
O problema, porém, está longe de ser apenas económico, havendo o risco de uma verdadeira convulsão cultural. Ao mesmo tempo que a população europeia vai encolher, em África deverá disparar, com um crescimento de 1,3 mil milhões de habitantes nas próximas três décadas, dos quais 130 milhões só no Norte de África. “A pressão migratória sobre a Europa será maior do que nunca. Haverá um choque demográfico: uma implosão dentro da UE e uma explosão fora das suas fronteiras”, vaticinam os investigadores, lamentando que as instituições europeias ajam como se este ‘tsunami’ não estivesse prestes a acontecer (Expresso)

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